O final de uma festa é um instante de suspensão - o eco do riso no ar, as serpentinas esquecidas no chão, o

cheiro doce e ácido da celebração que passou.

É no momento em que o corpo sente a falta de presença e a desaceleração do tempo (que durante horas

pareceu elástico) e que volta a correr com uma precisão cruel, que as lágrimas atraiçoam.

Esse choro, que surge após o fim, não é apenas de tristeza... é sobretudo um gesto de reconhecimento: chora-se pelo que foi vivido e chora-se pelo que não será mais repetido.

O corpo tenta recuperar o controlo - o esforço em parar de chorar, em drenar as lágrimas, é uma tentativa de reorganizar o caos interno, de normalizar a respiração, de voltar a um lugar anterior de maior vitalidade, para além da insuportável comoção.

Lavam-se as lágrimas com mais água e sabão.

A louça jaz espalhada, revirada... Os objetos que antes participaram no festejo, são agora um altar de

esquecimento. As aranhas, pacientes aranhas, mães, filhas aranhas... e os vermes, cobrem a porcelana numa

dança lenta de reordenação.

Este fim festa, conta a coreografia silenciosa de quem aprende a conviver com a súbita ausência, a perda, e ossinais de um universo agora diluído para além das possibilidades da recordação.

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